segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

IÚNA


Iúna é um jogo da capoeira que, acompanhado do toque do berimbau, serve para demarcar os níveis hierárquicos dos mestres e dos formandos (discípulos).
Esse jogo é tradicionalmente feito sem palmas nem qualquer outro instrumento além do berimbau, para realçar a solenidade da ocasião. Entretanto, em alguns lugares, especialmente na capoeira de Angola, outros instrumentos podem acompanhar o jogo. Nunca, porém, o aluno deve cantar enquanto fizer os movimentos.
O toque de iúna (assim como os outros toques) não possui um criador identificado (assim como não existe 'um criador' da capoeira), mas alguns capoeiristas atribuem sua criação ao Mestre Bimba, como forma de os alunos formados demonstrarem suas habilidades — como saltos, piruetas, firulas, paradas-de-mão, entre outros.
Durante esse jogo, a objetividade dos golpes dá lugar à destreza e à elasticidade dos movimentos, que se tornam mais alongados e coreografados.
Mestre Bimba costumava desenvolver neste ritmo a chamada "cintura-desprezada" ou "balões cinturados", que consistia numa seqüência de balões (movimentos em que um jogador é lançado para o alto e precisa cair em pé), geralmente exigidos do aluno graduado.

domingo, 27 de janeiro de 2013

O CÔCO


coco é um ritmo originalmente criado no estado de Alagoas. O nome refere-se também à dança ao som deste ritmo.
Coco significa cabeça, de onde vêm as músicas, de letras simples. Com influência africana e indígena, é uma dança de rodaacompanhada de cantoria e executada em pares, fileiras ou círculos durante festas populares do litoral e do sertão nordestino. Recebe várias nomenclaturas diferentes, como coco-de-roda, coco-de-embolada, coco-de-praia, coco-do-sertão, coco-de-umbigada, e ainda outros o nominam com o instrumento mais característico da região em que é desenvolvido, como coco-de-ganzá e coco de zambê. Cada grupo recria a dança e a transforma ao gosto da população local.
O som característico do coco vem de quatro instrumentos (ganzásurdopandeiro e triângulo), mas o que marca mesmo a cadência desse ritmo é o repicar acelerado dos tamancos. A sandália de madeira é quase como um quinto instrumento, se duvidar, o mais importante deles. Além disso, a sonoridade é completada com as palmas.
Existe uma hipótese que diz que o surgimento do coco se deu pela necessidade de concluir o piso das casas no interior, que antigamente era feito de barro. Existem também hipóteses de que a dança surgiu nos engenhos 

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Benguela


Este toque pode ser usado no início de uma roda de capoeira regional, ou durante o jogo para acalmar os ânimos dos jogadores quando o jogo esquenta. O toque comanda um jogo cadenciado, onde os movimentos são quebrados e fluidamente transformados em outros. O jogo é conduzido mais no chão do que gingando e exige do capoeirista mais inteligência e malícia do que o jogo tradicional.
O toque de benguela foi criado por Mestre Bimba, era muito utilizado no jogo de principiantes para incentivá-los a soltar o corpo e incorporar a malícia da capoeira. Era utilizado também em treinamento com faca. Era um jogo sem canto e fortemente cadenciado ao comando do berimbau.
Existe uma divergência em relação ao nome do toque. Muitos capoeiristas chamam o toque de benguela, em uma alusão à cidade angolana Benguela, mas segundo alunos de Mestre Bimba e outras pessoas que com ele conviveram diretamente, o mestre chamava o toque de banguela.
Outro nome utilizado para este tipo de toque é angola dobrada, esse nome é mais utilizado na capoeira angola.

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Maculelê


Era em Santo Amaro da Purificação, no recôncavo  baiano, que se dançava o Maculelê, dentro das   celebrações profanas locais, comemorativas do dia de  Nossa Senhora da Purificação (2/Fev.), a santa   padroeira da cidade. No restante  do  estado da Bahia,  desconhecia-se  o folguedo.  Essa manifestação de forte expressão dramática, ponto alto  dos folguedos  populares, destinava-se a  participantes do sexo masculino que dançavam em grupo, batendo as grimas (bastões) ao ritmo dos atabaques e ao som de cânticos em linguagem popular, ou em dialetos africanos. Originalmente, o Maculelê era coreografado em círculo, com uma dupla de participantes dançando no centro, comandada pelo mestre. Atualmente, adaptou-se a dança para exibições folclóricas.
O Maculelê passou  a  ser  coreografado  com uma entrada em fila indiana e com os figurantes fazendo evoluções em duplas. Dentre todos os folguedos existentes em  Santo Amaro, cidade marcada pelo verde dos canaviais, o Maculelê era o mais rico em cores. Seu ritmo vibrante contagiava a todos.
De  impressionante  efeito  plástico, o  Maculelê  pode  ser  coreografado  com  bastões,  facões  ou até com bastões terminando em chamas. Os  participantes  se  presentam com vistosas fantasias e pinturas pelo corpo, inspiradas nas tribos africanas. A fantasia do Maculelê  conta  de  uma  espécie de  sarongue  feito  om um tipo de "palha". Ao centro, participantes se apresentam com os rostos cobertos pelo mesmo material. Com os troncos nus,  os f igurantes  do Maculelê  ganham  maior  amplitude  de  movimentos para a prática  da dança.  Há quem diga que  o Maculelê era um divertimento que os escravos praticavam nas senzalas, mas na verdade, são contraditórias  e  pouco  esclarecidas suas  origens. Tem-se  como  um ato popular de origem africana que teria florescido no século XVIII nos canaviais  santo-amarense  e que se integrara, há mais de duzentos anos, nas comemorações daquela cidade. Um dos seus registros mais significativos consta de nota fúnebre publicada pelo jornal "O Popular" (10/Dez/1873), que circulava em Santo Amaro: "Faleceu no  dia  primeiro  de  dezembro  a  africana Raimunda Quitéria, com a idade de 110 anos. Apesar da idade, ainda capinava e varria o adro (terreno em volta) da igreja da Purificação, para as folias do Maculelê.
No início deste século, com  a morte dos grandes mestres de Maculelê daquela cidade, o folguedo começou a desaparecer, deixando de constar, por muitos anos, das festas da padroeira. Em 1943, outro mestre, Paulino Aluísio de Andrade, conhecido como Popó do Maculelê  e  considerado  como  "pai do Maculelê,  no Brasil", reuniu parentes e amigos para ensiná-los a dançar, com base nas suas lembranças, pretendendo  inclui-lo  novamente  nos festejos  religiosos locais. Seu grupo passou a ser conhecido como "Conjunto de Maculelê de Santo Amaro".
A respeito,  a  pesquisadora  Hildegardes Vianna  chama  à  atenção  para  uma  remota  eferência quanto a existência de  "uma dança esquisita de  gente  preta da roça,  que  aparecia  nos  festejos  de N. S. da Purificação". Entretanto, é através dos estudos de Manoel Querino (1851-1923) que se encontram indicações de tratar-se o Maculelê de  um fragmento  de Cucumbi, uma dança dramática em que  os  negros  batiam  pedaços  roliços  de madeira, acompanhados por cantos. Em seu "Dicionário de Folclore Brasileiro", Luís da Câmara  Cascudo  aponta  a  semelhança  do Maculelê  com os Congos e Moçambiques. Emília Biancardi escreveu um livro de título "Olelê Maculelê", considerado como um dos estudos mais completos sobre o assunto.
Os exemplos acima citados já servem para demonstrar o grau de incerteza que persiste com relação às possíveis interpretações sobre os primórdios  do Maculelê.  Mesmo  considerando  que  já não vivem os praticantes primitivos dessa dança, devem por certo existir ainda valiosos documentos inéditos  com  dados  esclarecedores,  para subsidiar elaboração de hipóteses mais consistentes a respeito dessa manifestação, tão pouco estudada nos dias de hoje.

Puxada de Rede


Conta  a  lenda que  em uma certa noite de lua cheia, um pescador, decide ir pescar em alto mar . 
Ao se despedir de sua mulher, ela lhe avisa dos perigos de se pescar á noite e pede para que ele não vá . 
Mesmo assim ele decide ir, deixando sua esposa e filhos agoniados . Leva consigo a imagem da Nossa
 Senhora dos Navegantes, a benção divina e seus amigos e companheiros de trabalho . Sua esposa fica
 á beira da praia esperando o seu retorno.
Ela se  assusta  como  o  retorno  mais cedo  do que o esperado do barco, com seu tripulantes todos 
tristonhos e alguns chorando,  mas  não  vê  seu  marido e  o procura desesperadamente .  Ao 
desembarcar, os  pescadores a contam que  num descuido  o  marido dela havia caído no mar e devido
 a escuridão não foi possível encontrá-lo . Pela manhã, quando  os  pescadores  desanimados com o
 acontecido, vão puxar a rede, e acabam encontrando o corpo do amigo pescador . Devido a  situação
  precária  em que eles viviam, não foi possível comprar um caixão para poder fazer o enterro e a 
procissão foi feita com ele nas costas .


Origem do Samba de Roda







O samba de roda teria surgido por inspiração sobretudo de um ritmo africano, o semba, e teria sido formado a partir de referências dos mais diversos ritmos tribais africanos. Note-se que a diversidade cultural, mesmo dentro da raça negra no Brasil, era bastante notável, porque os senhores de escravos escolhiam aleatoriamente seus indivíduos, e isso tanto fez separarem tipos africanos afins, pertencentes a uma mesma tribo, quanto fez juntarem tipos africanos diferentes, alguns ligados a tribos que eram hostis em seu continente original. Isso transformou seriamente o ambiente social dos negros, não bastasse o novo lugar onde passariam a viver, e isso influenciou decisivamente na originalidade da formação do samba brasileiro, com a criação de formas musicais dentro de um diferente e diverso contexto social. O Samba de roda também é muito semelhante com o jongo

Apelido na Capoeira


A capoeira e os apelidos

Tenho acompanhado há a alguns meses algumas discussões sobre o uso de apelidos na capoeira. Acho a discussão válida, mas há alguns pontos que gostaria de comentar: 

1) apelidos não são obrigatoriedade. Não é todo mundo que tem - o que para mim, indica que a coisa não é tão universal assim.

2) eu acredito no apelido que surge espontaneamente, decorrendo de uma situação específica. O que me incomoda é o apelido forçado. No dia do batizado, chega o mestre e diz "agora você é o Blablabla". Aí falta contexto mesmo - é a imposição que vai de encontro à liberdade pregada pela capoeira. O apelido é Blablabla "porquê o meu mestre falou que é" é uma baita escrotice, se me perguntarem...

3) a questão do que é que denigre - não é todo apelido que rebaixa, independente da raça. Creio que todo capoeirista conhece casos de apelidos "bacanas" e "ruins", aplicados a negros, amarelos e brancos.

Nem todo apelido é Macaco, Gambá, Minhoca, Magrelo, Cheiroso ou Urubu. Tem Velocidade, tem Coração, tem nomes de bairros, cidades natais, etc. E ainda assim, nem todo Macaco é negro, nem todo Gambá é mal-cheiroso. A variação de motivações é tão grande quanto, ou maior que a variação de nomes...

O bullying preocupa sim, especialmente nos apelidos que surgem naturalmente do grupo (e não do mestre): será que o Tripa Seca está mesmo feliz com o apelido dado pelos colegas de treino ? Isso precisa ser avaliado com cuidado pelo responsável, mas não necessariamente inibido - afinal de contas, vivemos em grupo, e o grupo age sobre nós assim como nós sobre ele.

A pessoa em cheque pelo apelido pode ter sofrimento sim, mas também pode usar disso para sair mais forte - é uma questão de maturidade (e por isso o olho do responsável é tão importante). Chamar um menino gordinho, de 12 anos, de "Baleia Encalhada" é uma coisa se ele sabe lidar com isso, e outra coisa muito diferente, se ele não sabe. A palavra-chave para mim, nesse caso, é "atenção". 

Ser mestre não é só ensinar a se posicionar na roda, mas também a se posicionar no mundo. Ele deve intervir quando perceber ser necessário, ou quando os envolvidos solicitarem. E principalmente, ele deve ter autocrítica - para não se tornar ele mesmo o causador do sofrimento.

Resumindo, não acho que a questão de ser contra os apelidos é "muito barulho por nada", como muita gente grita por aí. Mas também não é o absurdo que tem sido pintado. 

Tem muitos casos no mundo, e cada um deles é um.

Axé