segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

IÚNA


Iúna é um jogo da capoeira que, acompanhado do toque do berimbau, serve para demarcar os níveis hierárquicos dos mestres e dos formandos (discípulos).
Esse jogo é tradicionalmente feito sem palmas nem qualquer outro instrumento além do berimbau, para realçar a solenidade da ocasião. Entretanto, em alguns lugares, especialmente na capoeira de Angola, outros instrumentos podem acompanhar o jogo. Nunca, porém, o aluno deve cantar enquanto fizer os movimentos.
O toque de iúna (assim como os outros toques) não possui um criador identificado (assim como não existe 'um criador' da capoeira), mas alguns capoeiristas atribuem sua criação ao Mestre Bimba, como forma de os alunos formados demonstrarem suas habilidades — como saltos, piruetas, firulas, paradas-de-mão, entre outros.
Durante esse jogo, a objetividade dos golpes dá lugar à destreza e à elasticidade dos movimentos, que se tornam mais alongados e coreografados.
Mestre Bimba costumava desenvolver neste ritmo a chamada "cintura-desprezada" ou "balões cinturados", que consistia numa seqüência de balões (movimentos em que um jogador é lançado para o alto e precisa cair em pé), geralmente exigidos do aluno graduado.

domingo, 27 de janeiro de 2013

O CÔCO


coco é um ritmo originalmente criado no estado de Alagoas. O nome refere-se também à dança ao som deste ritmo.
Coco significa cabeça, de onde vêm as músicas, de letras simples. Com influência africana e indígena, é uma dança de rodaacompanhada de cantoria e executada em pares, fileiras ou círculos durante festas populares do litoral e do sertão nordestino. Recebe várias nomenclaturas diferentes, como coco-de-roda, coco-de-embolada, coco-de-praia, coco-do-sertão, coco-de-umbigada, e ainda outros o nominam com o instrumento mais característico da região em que é desenvolvido, como coco-de-ganzá e coco de zambê. Cada grupo recria a dança e a transforma ao gosto da população local.
O som característico do coco vem de quatro instrumentos (ganzásurdopandeiro e triângulo), mas o que marca mesmo a cadência desse ritmo é o repicar acelerado dos tamancos. A sandália de madeira é quase como um quinto instrumento, se duvidar, o mais importante deles. Além disso, a sonoridade é completada com as palmas.
Existe uma hipótese que diz que o surgimento do coco se deu pela necessidade de concluir o piso das casas no interior, que antigamente era feito de barro. Existem também hipóteses de que a dança surgiu nos engenhos 

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Benguela


Este toque pode ser usado no início de uma roda de capoeira regional, ou durante o jogo para acalmar os ânimos dos jogadores quando o jogo esquenta. O toque comanda um jogo cadenciado, onde os movimentos são quebrados e fluidamente transformados em outros. O jogo é conduzido mais no chão do que gingando e exige do capoeirista mais inteligência e malícia do que o jogo tradicional.
O toque de benguela foi criado por Mestre Bimba, era muito utilizado no jogo de principiantes para incentivá-los a soltar o corpo e incorporar a malícia da capoeira. Era utilizado também em treinamento com faca. Era um jogo sem canto e fortemente cadenciado ao comando do berimbau.
Existe uma divergência em relação ao nome do toque. Muitos capoeiristas chamam o toque de benguela, em uma alusão à cidade angolana Benguela, mas segundo alunos de Mestre Bimba e outras pessoas que com ele conviveram diretamente, o mestre chamava o toque de banguela.
Outro nome utilizado para este tipo de toque é angola dobrada, esse nome é mais utilizado na capoeira angola.

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Maculelê


Era em Santo Amaro da Purificação, no recôncavo  baiano, que se dançava o Maculelê, dentro das   celebrações profanas locais, comemorativas do dia de  Nossa Senhora da Purificação (2/Fev.), a santa   padroeira da cidade. No restante  do  estado da Bahia,  desconhecia-se  o folguedo.  Essa manifestação de forte expressão dramática, ponto alto  dos folguedos  populares, destinava-se a  participantes do sexo masculino que dançavam em grupo, batendo as grimas (bastões) ao ritmo dos atabaques e ao som de cânticos em linguagem popular, ou em dialetos africanos. Originalmente, o Maculelê era coreografado em círculo, com uma dupla de participantes dançando no centro, comandada pelo mestre. Atualmente, adaptou-se a dança para exibições folclóricas.
O Maculelê passou  a  ser  coreografado  com uma entrada em fila indiana e com os figurantes fazendo evoluções em duplas. Dentre todos os folguedos existentes em  Santo Amaro, cidade marcada pelo verde dos canaviais, o Maculelê era o mais rico em cores. Seu ritmo vibrante contagiava a todos.
De  impressionante  efeito  plástico, o  Maculelê  pode  ser  coreografado  com  bastões,  facões  ou até com bastões terminando em chamas. Os  participantes  se  presentam com vistosas fantasias e pinturas pelo corpo, inspiradas nas tribos africanas. A fantasia do Maculelê  conta  de  uma  espécie de  sarongue  feito  om um tipo de "palha". Ao centro, participantes se apresentam com os rostos cobertos pelo mesmo material. Com os troncos nus,  os f igurantes  do Maculelê  ganham  maior  amplitude  de  movimentos para a prática  da dança.  Há quem diga que  o Maculelê era um divertimento que os escravos praticavam nas senzalas, mas na verdade, são contraditórias  e  pouco  esclarecidas suas  origens. Tem-se  como  um ato popular de origem africana que teria florescido no século XVIII nos canaviais  santo-amarense  e que se integrara, há mais de duzentos anos, nas comemorações daquela cidade. Um dos seus registros mais significativos consta de nota fúnebre publicada pelo jornal "O Popular" (10/Dez/1873), que circulava em Santo Amaro: "Faleceu no  dia  primeiro  de  dezembro  a  africana Raimunda Quitéria, com a idade de 110 anos. Apesar da idade, ainda capinava e varria o adro (terreno em volta) da igreja da Purificação, para as folias do Maculelê.
No início deste século, com  a morte dos grandes mestres de Maculelê daquela cidade, o folguedo começou a desaparecer, deixando de constar, por muitos anos, das festas da padroeira. Em 1943, outro mestre, Paulino Aluísio de Andrade, conhecido como Popó do Maculelê  e  considerado  como  "pai do Maculelê,  no Brasil", reuniu parentes e amigos para ensiná-los a dançar, com base nas suas lembranças, pretendendo  inclui-lo  novamente  nos festejos  religiosos locais. Seu grupo passou a ser conhecido como "Conjunto de Maculelê de Santo Amaro".
A respeito,  a  pesquisadora  Hildegardes Vianna  chama  à  atenção  para  uma  remota  eferência quanto a existência de  "uma dança esquisita de  gente  preta da roça,  que  aparecia  nos  festejos  de N. S. da Purificação". Entretanto, é através dos estudos de Manoel Querino (1851-1923) que se encontram indicações de tratar-se o Maculelê de  um fragmento  de Cucumbi, uma dança dramática em que  os  negros  batiam  pedaços  roliços  de madeira, acompanhados por cantos. Em seu "Dicionário de Folclore Brasileiro", Luís da Câmara  Cascudo  aponta  a  semelhança  do Maculelê  com os Congos e Moçambiques. Emília Biancardi escreveu um livro de título "Olelê Maculelê", considerado como um dos estudos mais completos sobre o assunto.
Os exemplos acima citados já servem para demonstrar o grau de incerteza que persiste com relação às possíveis interpretações sobre os primórdios  do Maculelê.  Mesmo  considerando  que  já não vivem os praticantes primitivos dessa dança, devem por certo existir ainda valiosos documentos inéditos  com  dados  esclarecedores,  para subsidiar elaboração de hipóteses mais consistentes a respeito dessa manifestação, tão pouco estudada nos dias de hoje.

Puxada de Rede


Conta  a  lenda que  em uma certa noite de lua cheia, um pescador, decide ir pescar em alto mar . 
Ao se despedir de sua mulher, ela lhe avisa dos perigos de se pescar á noite e pede para que ele não vá . 
Mesmo assim ele decide ir, deixando sua esposa e filhos agoniados . Leva consigo a imagem da Nossa
 Senhora dos Navegantes, a benção divina e seus amigos e companheiros de trabalho . Sua esposa fica
 á beira da praia esperando o seu retorno.
Ela se  assusta  como  o  retorno  mais cedo  do que o esperado do barco, com seu tripulantes todos 
tristonhos e alguns chorando,  mas  não  vê  seu  marido e  o procura desesperadamente .  Ao 
desembarcar, os  pescadores a contam que  num descuido  o  marido dela havia caído no mar e devido
 a escuridão não foi possível encontrá-lo . Pela manhã, quando  os  pescadores  desanimados com o
 acontecido, vão puxar a rede, e acabam encontrando o corpo do amigo pescador . Devido a  situação
  precária  em que eles viviam, não foi possível comprar um caixão para poder fazer o enterro e a 
procissão foi feita com ele nas costas .


Origem do Samba de Roda







O samba de roda teria surgido por inspiração sobretudo de um ritmo africano, o semba, e teria sido formado a partir de referências dos mais diversos ritmos tribais africanos. Note-se que a diversidade cultural, mesmo dentro da raça negra no Brasil, era bastante notável, porque os senhores de escravos escolhiam aleatoriamente seus indivíduos, e isso tanto fez separarem tipos africanos afins, pertencentes a uma mesma tribo, quanto fez juntarem tipos africanos diferentes, alguns ligados a tribos que eram hostis em seu continente original. Isso transformou seriamente o ambiente social dos negros, não bastasse o novo lugar onde passariam a viver, e isso influenciou decisivamente na originalidade da formação do samba brasileiro, com a criação de formas musicais dentro de um diferente e diverso contexto social. O Samba de roda também é muito semelhante com o jongo

Apelido na Capoeira


A capoeira e os apelidos

Tenho acompanhado há a alguns meses algumas discussões sobre o uso de apelidos na capoeira. Acho a discussão válida, mas há alguns pontos que gostaria de comentar: 

1) apelidos não são obrigatoriedade. Não é todo mundo que tem - o que para mim, indica que a coisa não é tão universal assim.

2) eu acredito no apelido que surge espontaneamente, decorrendo de uma situação específica. O que me incomoda é o apelido forçado. No dia do batizado, chega o mestre e diz "agora você é o Blablabla". Aí falta contexto mesmo - é a imposição que vai de encontro à liberdade pregada pela capoeira. O apelido é Blablabla "porquê o meu mestre falou que é" é uma baita escrotice, se me perguntarem...

3) a questão do que é que denigre - não é todo apelido que rebaixa, independente da raça. Creio que todo capoeirista conhece casos de apelidos "bacanas" e "ruins", aplicados a negros, amarelos e brancos.

Nem todo apelido é Macaco, Gambá, Minhoca, Magrelo, Cheiroso ou Urubu. Tem Velocidade, tem Coração, tem nomes de bairros, cidades natais, etc. E ainda assim, nem todo Macaco é negro, nem todo Gambá é mal-cheiroso. A variação de motivações é tão grande quanto, ou maior que a variação de nomes...

O bullying preocupa sim, especialmente nos apelidos que surgem naturalmente do grupo (e não do mestre): será que o Tripa Seca está mesmo feliz com o apelido dado pelos colegas de treino ? Isso precisa ser avaliado com cuidado pelo responsável, mas não necessariamente inibido - afinal de contas, vivemos em grupo, e o grupo age sobre nós assim como nós sobre ele.

A pessoa em cheque pelo apelido pode ter sofrimento sim, mas também pode usar disso para sair mais forte - é uma questão de maturidade (e por isso o olho do responsável é tão importante). Chamar um menino gordinho, de 12 anos, de "Baleia Encalhada" é uma coisa se ele sabe lidar com isso, e outra coisa muito diferente, se ele não sabe. A palavra-chave para mim, nesse caso, é "atenção". 

Ser mestre não é só ensinar a se posicionar na roda, mas também a se posicionar no mundo. Ele deve intervir quando perceber ser necessário, ou quando os envolvidos solicitarem. E principalmente, ele deve ter autocrítica - para não se tornar ele mesmo o causador do sofrimento.

Resumindo, não acho que a questão de ser contra os apelidos é "muito barulho por nada", como muita gente grita por aí. Mas também não é o absurdo que tem sido pintado. 

Tem muitos casos no mundo, e cada um deles é um.

Axé

Caxixi




O caxixi é um chocalho feito de palha trançada ou um cipó chamado de junco ele   tem 
 origem africana com a base de cabaça, cortada em forma circular e a parte superior recta, terminando com uma alça da mesma palha, para se apoiar os dedos durante o toque.

No interior do caxixi há sementes secas, que ao se sacudir dá o som característico. Esse instrumento é usado exclusivamente na capoeira.



sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Código Penal da República dos Estados Unidos do Brasil

(Decreto número 847, de 11 de outubro de 1890)

Capítulo XIII -- Dos vadios e capoeiras

Art. 402. Fazer nas ruas e praças públicas exercício de agilidade e destreza corporal conhecida pela denominação Capoeiragem: andar em carreiras, com armas ou instrumentos capazes de produzir lesão corporal, provocando tumulto ou desordens, ameaçando pessoa certa ou incerta, ou incutindo temor de algum mal;

Pena -- de prisão celular por dois a seis meses.

A penalidade é a do art. 96.

Parágrafo único. É considerada circunstância agravante pertencer o capoeira a alguma banda ou malta. Aos chefes ou cabeças, se imporá a pena em dôbro.

Art. 403. No caso de reincidência será aplicada ao capoeira, no grau máximo, a pena do art. 400.

Parágrafo único. Se fôr estrangeiro, será deportado depois de cumprida a pena.

Art. 404. Se nesses exercícios de capoeiragem perpetrar homicídio, praticar alguma lesão corporal, ultrajar o pudor público e particular, perturbar a ordem, a tranqüilidade ou segurança pública ou for encontrado com armas, incorrerá cumulativamente nas penas cominadas para tais crimes.

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Sistema de graduação


Devido à sua vastidão e à sua origem, a capoeira nunca teve unidade ou consenso. O sistema de graduação segue o mesmo caminho, nunca tendo existido um sistema padrão que fosse aceito pela maioria dos grandes mestres. Dessa forma o sistema de graduaçãovaria muito de grupo para grupo. A própria origem do sistema é recente, tendo partido com a Luta Regional Baiana de Mestre Bimba, na década de 1930. Bimba utilizava lenços de seda para diferenciar seus alunos entre aluno formadoaluno especializado e mestre. Alunos novos não possuiam graduação.
Atualmente o sistema de graduação mais comum é o de cordas (também chamadas cordéis ou cordões) de diferentes colorações amarrados na cintura do jogador. Alguns grupos usam diferentes sistemas, ou até mesmo nenhum sistema.
Existem várias entidades (Ligas, Federações e Confederações) que tentam organizar e unificar a graduação na capoeira. O sistema mais comum é o da Confederação Brasileira de Capoeira, que adota o sistema de graduação feito por cordas seguindo as cores dabandeira brasileira, de fora para dentro (iniciado na época em que a capoeira oficialmente era considerada parte da Federação Brasileira de Pugilismo).
Apesar de muito difundido com diversas variações, muitos grupos grandes e influentes utilizam cores diferentes ou mesmo graduações diferentes. A própria Confederação Brasileira de Capoeira não é amplamente aceita como representante principal da capoeira.

[editar]Sistema de graduação da Confederação Brasileira de Capoeira

Graduação básica adulta (a partir de 15 anos)
  • Iniciante: sem corda ou cordão
  • Batizado: verde
  • Graduado: amarelo
  • Avançado: azul
  • Intermediário: verde e amarelo
  • Adiantado: verde e azul
  • Estagiário: amarelo e azul
Graduação avançada - Docente de capoeira
  • Formado: verde, amarelo, azul e branco - 5 anos de capoeira - idade mínima 18 anos
  • Monitor: verde e branco - 7 anos de capoeira - idade mínima 20 anos
  • Instrutor: amarelo e branco - 12 anos de capoeira - idade mínima 25 anos
  • Contramestre: azul e branco - 17 anos de capoeira - idade mínima 30 anos
  • Mestre: branco - 22 anos de capoeira - idade mínima 35 anos
Graduação infantil (até 14 anos) — idêntica à graduação básica, porém metade da corda possui a cor cinza. A graduação infantil restringe-se até a graduação de estagiário. Para que o aluno se gradue como docente de capoeira deve atingir a idade mínima de 18 anos. O tempo de cada graduação varia conforme sua importância. As cordas iniciais, como a verde e a amarela, podem ser conquistadas em menos de um ano; por outro lado, chegar às cordas avançadas, notadamente as de contra-mestre e mestre, pode levar anos, e exige-se profundo conhecimento da capoeira para serem conquistadas — esse conhecimento, no entanto, não quer dizer saltos ou acrobacias, mas conhecimento instrumental, teórico, prática de docência, qualidade de jogo, respeito, cursos de aperfeiçoamento e boa índole pessoal são alguns dos requisitos básicos para tais graduações.

História da Capoeira Angola



Tudo começou em maio de 1966, quando Vicente Ferreira Pastinha, 1889, é convidado para representar a Bahia no Primeiro Festival Mundial de Arte Negra no Senegal, África. Foi então a Capoeira tradicional angola, reconhecida como representante da cultura afro-baiana. Ter lutado para preservar a capoeira tal qual recebeu de seus criadores, foi a missão de mestre Pastinha.

Muito antes disto o menino Pastinha recebeu de um ex-escravo a arte nascida na senzala, na ânsia de liberdade e defesa da cruel opressão. A luta e dança era praticada no mato ralo; nas senzalas e nos canaviais do recôncavo da Bahia.

Mais tarde, a genialidade do mestre tirou a capoeira das ruas, criando o Centro Esportivo de Capoeira Angola em 1941. Lá deu início ao processo de expansão para o mundo. Em 1955 o Centro vai para o Largo do Pelourinho 19, onde permaneceu por duas décadas. A escola de Pastinha recebeu intelectuais, artistas e gente de todo o mundo. Além de alunos de todas as classes sociais.

Roda de Capoeira
Mestre Pastinha passou sua arte para dezenas de alunos que continuaram seu trabalho, entre eles João Pequeno e João Grande: "Eles serão os grandes capoeiras do futuro. Serão mestres mesmo. A estes rapazes ensinei tudo que sei, até o pulo do gato”. Nada por acaso mestre João Pequeno foi o primeiro presidente da Associação Brasileira de Capoeira Angola, em 1987.

Capoeira Regional



A capoeira Regional foi criada por Mestre Bimba (Manoel dos Reis Machado, 1899 - 1974), conhecido por ser um habilidoso lutador nos ringues, e inclusíve, ser um exímio praticante da capoeira Angola.

Bimba criou sequências de ensino e metodizou o ensino de capoeira. Inicialmente, chamou sua capoeira de Luta Regional Baiana, de onde surgiu o nome regional.

Procurou fazer com que a capoeira tivesse uma maior força como luta e fez isto incorporando à ela novos golpes. Um fato conhecido, é de que Bimba teria incorporado golpes do Batuque, uma luta, já extinta, que era rica em golpes traumáticos e desequilibrantes. Inclusive, sabe-se que o seu pai era praticante.

Há muita discusão também sobre se Bimba teria ou não absorvido golpes de outras lutas, como judô, o jiu-jitsu, a luta livre e o savate, luta de origem francesa, para compor sua Capoeira Reginal. Entre os velhos Mestres, essa é a opinião vigente, mas apesar disto, eles não acham que este fato seja negativo ou descarecterizador.

A Regional surgiu por volta de 1930, mas Mestre Bimba se preocupou não só em fazer com que a Capoeira fosse reconhecida como luta, ele também criou o primeiro método de ensino da Capoeira: as "sequências de ensino", que auxiliavam o aluno a desenvolver os movimentos fundamentais da capoeira.

Em 1932 foi fundada por Mestre Bimba a primeira academia de capoeira registrada oficialmente, em Salvador, com o nome de "Centro de Cultura Física e Capoeira Regional da Bahia".

Das muitas apresentações que Mestre Bimba fez, talvez a mais conhecida tenha sido a ocorrida em 1953, para o então presidente Getúlio Vargas, ocasião em que teria ouvido do presidente: "A capoeira é o único esporte verdadeiramente nacional".

Na academia de Mestre Bimba a rigorosa disciplina que vigorava determinava três níveis hierárquicos: calouro, formado e formado especializado. Uma das maiores honras para um discípulo era poder jogar Iúna, isto é, jogar na roda de Capoeira ao som do toque denominado Iúna, executado pelo Berimbau.

O jogo de Iúna tinha a função simbólica de promover a demarcação do grupo dos formados para o grupo dos calouros. A única peculiaridade técnica do jogo de Iúna em relação aos jogos realizados em outros momentos na roda de Capoeira era a obrigatoriedade da aplicação de um golpe ligado no desenrolar do jogo, além do fato de destacar-se pela maior habilidade dos Capoeiristas que o executavam. O jogo de Iúna era praticado apenas ao som do Berimbau, sem palmas ou outros instrumentos o que reforçava seu caráter solene. Ao final de cada jogo todos os participantes aplaudiam os Capoeiristas que saíam da roda.

Na academia da Capoeira Regional de Mestre Bimba havia um quadro contendo um regulamento com nove itens, englobando aspectos técnicos e disciplinares:

  • Deixe de fumar; 
  • É proibido fumar durante os treinos;
  • Deixe de beber. O uso do álcool prejudica o metabolismo muscular;
  • Evite demonstrar aos seus amigos de fora da "roda" de Capoeira os seus progressos. Lembre-se de que a surpresa é a melhor aliada numa luta;
  • Evite conversa durante o treino. Você está pagando o tempo que passa na academia; e observando os outros lutadores, aprenderá mais;
  • Procure gingar sempre;
  • Não tenha medo de se aproximar do oponente. Quanto mais próximo se mantiver, melhor aprenderá;
  • Conserve o corpo relaxado;
  • É melhor apanhar na "roda" que na "rua".


O surgimento da Regional foi um importante fator de divulgação da capoeira no país, alterando a imagem desta luta como atração turística ou como folclore, em que se destacam as acrobacias.

A Regional passou a valorizar a Capoeira esporte, conseguindo colocá-la no devido patamar, entre outras modalidades no Brasil. O atual reconhecimento que a Capoeira possui, por todas as suas qualidades, em grande parte é devido ao trabalho de Mestre Bimba e de suas preocupações em mostrar a eficiência da luta brasileira. Atualmente, a Regional é uma referência importantíssima para os praticantes da capoeira, por demonstrar todas as possibilidades de aliar as características coreográficas com as eficientes técnicas de golpes traumáticos e desequilibrantes.

Mesmo que a maioria dos capoeiristas não procure jogar ou ensinar a Regional de forma, digamos, "pura" (mesmo porque muitos Capoeiristas não têm ainda acesso a informações mais detalhadas sobre o trabalho de Mestre Bimba), há um consenso na comunidade capoeirística de que é fundamental conhecer e praticar as técnicas introduzidas por aquele mestre. Sempre no sentido de reunir as características que definem a Capoeira como arte, jogo e luta.

Instrumentos



BERIMBAU
É difícil precisar a época em que o Berimbau passou a ser indispensável à roda de Capoeira. Até o século XIX, jogava-se apenas ao som dos atabaques.

Em publicação de 1834, Jean-Baptiste Debret diz que o Berimbau era tocado por ambulantes para atrair a atenção de fregueses. Para o Etnomusicólogo Tiago de Oliveira Pinto, o Berimbau é um instrumento de origem Africana que foi incorporado ao jogo da Capoeira com sucesso.

Conta Mestre Pastinha que o Berimbau também era usado como arma. Os Capoeiras colocavam uma faca na ponta do instrumento e atacavam os policiais que os perseguiam. Nesses momentos, o Berimbau transformava-se em foice de mão.

Existem três tipos de Berimbau: Viola(agudo), Médio(solo), Berra-boi(grave), determinados pelo tamanho da cabaça.

As partes de um berimbau são:
 
  • CAXIXI - Pequena cesta de palha, com fundo de couro, usada como chocalho. Tem de 10 a 15 centímetros de altura, cerca de 6 centímetros de diamêtro na base(essas medidas variam) e um recheio de sementes ou pedrinhas.
  • DOBRÃO - Tomado da moeda de 40 réis, é uma peça de cobre com aproximadamente 5 centímetros de diâmetro. No entanto, utiliza-se também pedra-sabão ao invés do dobrão.
  • BAQUETA - Ou Vaqueta, é uma vara de madeira com cerca de 40 centímetros de comprimento, sendo fina ou grossa.
  • CABAÇA - Caixa de ressonância. Feita com o fruto da Cabaceira, árvore comum no Norte e no Nordeste, pode ser oval(coité) ou pode ser formada por duas partes, quase que arredondadas ou interligadas. Depois de seca e cortada, tiram-se as sementes antes de ser lixada.
  • CORDA - Já foi um cipó, um fio de latão, um arame de cerca e mais recentemente, fios de aço retirados de pneus. O mais comum, é usar o aço vendido em carretéis.
 
PANDEIRO
Para alguns estudiosos, o pandeiro é um dos instrumentos Africanos vindos para o Brasil. Mas sua origem pode estar entre os hindus, uma vez que o pandeiro é um dos mais antigos instrumentos musicais da "Velha Índia".

ATABAQUE

Termo de origem Árabe, o Atabaque já era usado na poética medieval e era um dos instrumentos preferidos dos reis que o utilizavam em festas e nos conjuntos musicais. O atabaque foi muito difundido na África, mas, segundo Waldeloir do Rego, foi trazido para o Brasil por "mãos Portuguesas".

É geralmente feito de madeira de lei como o Jacarandá, Cedro ou Mogno cortada em ripas largas e presas umas às outras com arcos de ferro de diferentes diâmetros que, de baixo para cima dão ao instrumento uma forma cônico-cilíndrica, na parte superior, a mais larga, são colocadas "travas" que prendem um pedaço de couro de boi bem curtido e muito bem esticado.

RECO-RECO

Um instrumento utilizado na Capoeira Angola. Reco-reco antigamente não é como os de hoje, era feito com o fruto da Cabaceira, das que fossem cumpridas, então era serrado, na superfície, fazendo-se vários cortes, não muito profundos, um do lado do outro, onde era esfregado a baqueta. Hoje são feitos de gomos de Bambu ou de madeira.

AGOGÔ

Instrumento de origem Africana composto de um pequeno arco, uma alça de metal com um "cone" metálico em cada uma das pontas, estes são de tamanhos diferentes, portanto produzindo sons distintos.

GANZA
Instrumento musical de percussão utilizado no samba e outros ritmos Brasileiros. O ganzá é classificado como um idiofone executado por agitação. É um tipo de chocalho, geralmente feito de um tubo de metal ou plástico em formato cilíndrico, preenchido com areia ou grãos de cereais. O comprimento do tubo pode variar de quinze até mais de 50 centímetros. Os tubos podem ser duplos ou até triplos.

Ritmos



A música tem um papel muito importante na Capoeira. Diferentes ritmos de música correspondem a diferentes estilos de Capoeira. Ou seja, ritmos rápidos da música implicam um estilo rápido de Capoeira. Na lista abaixo encontram-se os vários tipos de música capoeirista:

Mandinga


      Mandinga representa a habilidade do capoerista em surpreender (enganar) o oponente, como uma espécie de "malícia de jogo". Esta "esperteza" é muito apreciada e consta na letra de diversas canções.
Em alguns casos o conceito pode apresentar um sentindo mais amplo envolvendo igualmente uma maior desenvoltura do capoerista durante jogo, com movimentos mais audaciosos na ginga, golpes e esquivas, na capoeira a palavra mandinga não possui correlação com o candomblé ou qualquer conotação religiosa ou mística.

Capoeira

A palavra CAPOEIRA é originária do tupi-guarani, que significa "o que foi mata".Refere-se às áreas de mata rasteira do interior do Brasil, capoeiristas fugitivos da escravidão e desconhecedores do ambiente ao seu redor, frequentemente usavam a vegetação rasteira para se esconderem da perseguição dos capitães-do-mato.
Uma característica que distingue a capoeira da maioria das outras artes marciais é a sua musicalidade. Praticantes desta arte marcial brasileira aprendem não apenas a lutar e a jogar, mas também a tocar os instrumentos típicos e a cantar. Um capoeirista experiente que ignora a musicalidade é considerado incompleto
capoeira é uma expressão cultural brasileira que mistura arte-marcialesportecultura popular e música.